sábado, 28 de março de 2009

“A Sementeira do Sal e a Caça aos Gafanhotos”


Passando por Fajão um almocreve que vendia sal, logo lho compraram e semearam como se semeassem centeio.
Passou-se muito tempo e, como o sal não nascesse, tomaram a resolução de esperar o homem que lhes tinha vendido o sal.
Chegado a aparecer, os homens perguntaram-lhe, indignados, que lhes tinha ele vendido, pois tinham semeado o sal e ele não nasceu.
Disse-lhes então o vendedor:
- Pois vocês deixaram-no comer aos gafanhotos!
E foi o que lhe valeu, dar esta desculpa.
De facto, antigamente havia muitos gafanhotos, e de tempos a tempos vinham mesmo pragas de gafanhotos que roíam as hortas e tudo. De modo que os de Fajão resolveram juntar-se e fazer-lhes uma batida.
Armaram-se de espingardas e foram para os campos onde os gafanhotos andavam, para lhes darem caça.
A certa altura um gafanhoto saltou e foi poisar-se no peito do Pascoal. O Pascoal viu que tinha o gafanhoto poisado no peito e então não falou, para não espantar a caça, mas fez sinal a outro caçador, e apontou com o dedo para onde estava o gafanhoto. O outro vai e aponta a arma ao gafanhoto. Claro está que o Pascoal caiu também, como morto. Mas por sorte não morreu, porque o tiro era fraco.



In: “Os contos de Fajão”
Autor: Monsenhor A. Nunes Pereira
Narrado por: António Lucas
Compilado por: Monsenhor A. Nunes Pereira com o apoio das Câmaras Municipais de Arganil, Coimbra, Góis e Pampilhosa da Serra
Editado em: 1989

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